Bologna Violenta – Take no Prisoners
O oitavo lançamento do selo tailandês Sociopath dá uma primeira amostra a que veio, seu propósito, sua visão de música para pistas de dança, cujo projeto de engenharia muitas vezes é engendrado no interior de quartos adolescentes de classe média. O álbum é composto de 10 peças, que funcionam mais como vinhetas, todas de vinte e seis segundos. As peças são um amontoado de riffs de guitarra thrash ultra-saturados com uma base de beats quebrados e agressivos. Portanto, o elemento concreto é proeminente e pouco se percebe o uso de síntese, que às vezes dá as caras em silvos reverberados aproximando muito de osciladores simples. Breve, curto e violento.
Weirdo – maDnBrain
O título é um tanto elucidativo. Loucura. Drum and Bass. Cérebro. Que em inglês sugere um Drum and Bass para enlouquecer o cérebro. Acho que essa é a proposta e o que define o chamado breakcore. Beats quebrados enlouquecidos sob construções, tanto sintéticas quanto concretas, escuras. Graves retumbantes malévolos é o que nos apresenta “Evil Lurks” em meio à quebradeira aparentemente desconexa. Mas é notória a ironia, o cinismo, o sarcasmo do breakcore, um subproduto ao mesmo tempo engenhos, mas construído a partir de materiais simples. O que ouvimos, mais ou menos, é um amontoado de colagens de ruídos e batidas ensandecidas. A parte sintética na maioria das vezes dá lugar à urgência de sirenes convocando ao pânico e ao desespero como evidencia “killa”. É pra dançar? Depende. Para b-boys não serve. Como mexer o corpo com esse tipo de sonoridade, afinal, por mais que o cérebro esteja enlouquecido, é em comunhão com o corpo que dá sentido à dança, e é por aí mesmo, do cérebro ao corpo perpassa uma corrente elétrica como uma trilha sonora divertidíssima para uma sessão de tortura. Apenas a junção das break beats com o hardcore não é suficiente para explicar o break core. O hardcore aqui abrange mais referenciais sonoros que apenas aqueles do eletrônico. Sim, há uma presença forte do espírito hardcore punk estadunidense do início da década de 80. Apesar das 5 faixas do álbum, nesse amontoado de detritos pouco se percebe variações gritantes entre uma faixa e outra. O material sonoro utilizado nas faixas – ruídosmaissamplersmaisdistorção – tem uma fonte comum. Dito isto Weirdo tem uma cara? Tem uma sonoridade que o distingue? Não. E este é exatamente o ponto. Não há em “maDnBrain” uma assinatura identificável, é apenas um esporro para pistas de danças alojadas em ambientes insalubres festejados por todo tipo de nerds frustrados gordos rancorosos e pobres.

KENDO – Living in Leeds
A primeira faixa “Jedi Master” funciona como uma introdução, as batidas tem o volume por vezes diminuído ou então, quando mais proeminentes, desaceleradas, combinadas com uma gororoba aveludada pontilhada por sons do tipo 8bit. A partir daí o álbum logo dá lugar à desgraceira chiadeira. É o que podemos observar em “Conversational Dictocrat”. Estamos em território sonoro abrasivo e cáustico em plena conformidade com breaks bastante distintos e distorcidos. O álbum não dá tréguas – “Fucking Hardcore” – como bem demonstra o responsável. O intermezzo meditativo experimental pseudovanguardista se dá na quarta faixa “Distraught & Frightened”. “Magical Mystery Tour Part 1” também é bem chapada, com timbres um pouco mais limpos, mas sem beats. “Flying Around The Rays of The Sun” começa com aquela sonoridade chapadinha cheio de synths iluminadinhos que lá pelas tantas cede às batidas desencontradas. Nem tudo aqui é pronto para pistas transpirantes de machos rejeitados, um pouco do que ouvimos aqui rende bons momentos em fones de ouvido ou caixinhas de qualidade acima da média enquanto você nada faz na frente do seu netbook tosco. Por aí vai e chega uma hora que cansa enquanto você espera o batidão que não chega. “Kendo Riddim” chega a dar um alento com batidas mais vagarosas, mas não vai além e esmorece. O álbum finaliza com aquele clima de música para filmes de samurais enquanto sua esposa coze alguma coisa na cozinha no meio do ambiente tenso, suspeita pela, talvez, desonra do marido.
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