segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Tales

  

E nosso filho nasceu... às 13h18 (horário real) do dia 30 de dezembro de 2011. Ele não conseguiu esperar e veio ao mundo, pelo menos, uns 15 dias antes da data prevista. Não esperávamos. A Samira me deu o alerta logo pela manhã “Leandro, acho que estourou a bolsa” e eu “não acredito!”. Nos preparamos para sair. As malas estavam basicamente prontas menos a minha. Saímos, eu tirando o carro da garagem e dirigindo até lá, coisa impensável até uns dias atrás. A necessidade nos faz mover montanhas. Chegamos na maternidade e demos entrada em todo o chatíssimo processo burocrático e fomos para o atendimento médico que confirmou a chegada do Tales nas próximas horas. Em uns 40 minutos, eu acho, a Samira começou a estimulação do parto com soro na veia, logo depois vieram as cólicas terríveis, mas a sala de cirurgia estava sendo preparada. A Samira andou pelos corredores para mais estímulos e logo depois fomos chamados para a sala de cirurgia. Prepararam a Samira e eu fui para o vestiário colocar as roupas descartáveis para assistir o parto. Não tenho problema com sangue nem com retalhos de corpos humanos e assisti o parto numa boa. O parto foi natural, dolorido, mas natural. Eu acompanhei o Tales nos primeiros testes que foram nota 10. Ele nasceu com 2,550 Kg e 47 cm. A mãe foi para o pós-operatório e horas mais tarde seria liberada. O Tales foi primeiramente para o berçário, de onde ouvi “Rock’n’ roll all night” do Kiss. Eu mesmo preparei com ajuda da minha sogra a sacola com seu enxovalzinho. O menino nasceu muito miúdo e se parece um pouco com o Yoda, o mestre Jedi. Nos intervalos das ações eu almocei e fumei vários cigarros. Durante toda a tarde do dia 30 recebemos visitas de amigos, e parentes, a mais importante da minha avó que acabava de ganhar seu segundo bisneto. Indescritível a emoção de ver a sinergia entre a minha avó e o Tales que fez com que a presença de minha mãe estivesse ali, como se tivesse protegido todo o dia com sua santidade. Eu, com meu irmão, nos encarregamos de montar a cadeirinha do banco de trás do carro para carregar o Tales. Terminamos o dia, a Samira na maternidade com o Tales e a minha sogra, e eu fui para o apartamento com o meu sogro. Planejei tomar umas cervejas que estavam guardadas na geladeira, mas não consegui tamanha a dor de cabeça. No dia seguinte fomos novamente todos os envolvidos para a maternidade. Passamos por todos os processos burocráticos finais, a conta final foi cara, uma estupidez para qualquer um que tenha um filho. Voltamos com o Tales para o apartamento no meio da tarde. Preparamos nossas malas. Mais uma vez, impensável alguns dias atrás, eu saí para comprar remédios e abastecer o carro. Com tudo pronto viemos no dia 31 para Pirassununga. Entre muitos sustos e rojões o Tales passou a virada para 2012 junto com seus pais. A todos distribuímos lembrancinhas – marcadores de livros com formatos de Yoda, disco voador e caveirinha amorosa – feitos à mão pela mãe mais formosa deste mundo. Estamos escrevendo um novo capítulo anônimo na história da infame e suja vida humana que esconde por debaixo a pedra filosofal, a grande obra, o encontro com nosso sagrado anjo guardião, o vil metal transformado em ouro. Os primeiros versos desse poema nos acariciam com a disputa de fazer o Tales mamar direitinho, coisa que irá tirar de letra em alguns dias.