Confesso que de uns tempos pra cá ando bem desanimado de tocar guitarra. Porque é muito chato tocar guitarra sozinho. A solução que eu achei foi voltar pro violão. Primeiro porque só com violão e partituras a coisa se basta, pelo menos em jazz e erudito. Segundo que minha primeira escola foi erudita e hoje em dia ouço com outros olhos. Gosto de tocar peças básicas do repertório de violão. Coisa, que aliás, estou retomando. Tenho um aparelhinho que me ajuda a exercitar tanto os dedos da mão direita como da mão esquerda. Outra coisa é que depois que você sabe que vai ter um filho inevitavelmente você acaba pensando seu futuro em conjunto com o dele. Uma das coisas que eu quero legar a ele é poder tocar violão e gostar de música. Obviamente que se ele não curtir e se interessar por alguma outra coisa eu vou apoiar, é lógico. Mas pelo menos quero ter alguma coisa para passar. Um outro aspecto além disso tudo é que eu toco mil vezes melhor com os dedos do que com palheta, que para mim, acaba sendo limitador. A solução que eu achei pra guitarra é usar dedeira e dedos pra tocar guitarra também, já tinha me dado bem antes, mas agora é definitivo.
Resolvi também tomar a iniciativa e aprender a jogar xadrez como gente grande. Comprei vários livros e pretendo dedicar uma boa parte de meu tempo a jogar xadrez nos próximos meses. A razão é que exercito justamente a razão, que junto com meus estudos de filosofia, formam um casamento perfeito. E, mais uma vez, penso no meu filho. Será muito bacana que ele conviva em casa desde cedo com tabuleiros de xadrez. Acho que é uma atividade saudável e que estimula o intelecto. Não tive esse tipo de oportunidade nem em casa nem nas escolas que freqüentei, portanto quero suprir essa lacuna e aprender xadrez para poder ensinar o Tales mais tarde.
No fim, unir xadrez com violão erudito e jazz creio estar traçando um caminho viável. Ano que vem mudo pra uma cidade em que não tenho amigos. Uma cidade pequena. As bandas por lá são quase todas de covers e nada de muito interessante. É difícil, eu sei. Mas prefiro construir uma vida em que eu tenha no que me apoiar na minha própria subjetividade do que procurar a aprovação alheia. É preferível construir uma vida interior quando nada mais nos resta. Alguém pode pensar que eu esteja fazendo um elogio da contemplação, mas não. Creio que ser possível que até mesmo o que tradicionalmente seja reconhecido como contemplatividade em filosofia pode ser desterritorializada na pós-modernidade. Estamos inventando o monaquismo pós-moderno por aqui. Casado, com filho e professor de filosofia.