terça-feira, 2 de agosto de 2011

Post sem título

A praça em frente ao prédio, ao lado de um posto e paralela à Treze de Maio é um reduto de gente sem rumo. Catadores de lixo param por ali para arrumarem suas quinquilharias. Os varredores de rua, distribuidores de panfletos, e outros trabalhadores tiram sua cesta naquela grama imunda. A praça é forrada de estilhaços de vidro, cápsulas vazias de cocaína, entulho de moradores de rua, merda humana e, por incrível que pareça, senti até uma certa esperança, uma amarelinha riscada no chão. Passo sempre por ali. A turma do fumacê pica cartão por ali em diversos momentos do dia. Aliás, nunca vi um público tão heterogêneo fumador da ervinha do capeta nesta praça.  Pelo jeito o sujeito que dá nome à praça, Reinaldo S. Consoni, sobrevive somente em nomes de ruas e praças, pois não encontrei nenhuma outra referência a ele, o cara praticamente inexiste, e é óbvio que não tem um daqueles bustos horrorosos na praça.
Dito isto, a praça acaba servindo como uma metáfora do que acontece na minha própria vida. Nada foi concluído. Deste modo posso abrir minha própria cabeça e lá encontrar o buraco negro: o indecidido.  Mas onde o que não foi concluído também são vias abertas para o desconhecido. Estudei música seriamente, mas não levei a cabo, não estou mais envolvido com isso, a não ser quando toco minha guitarra aqui e ali ou ouço meus disquinhos. Acho que o meu desejo de ter uma banda independente e excursionar com ela não foi sepultado, mas a probabilidade de isso vir acontecer é mínima. Cursei faculdade de jornalismo, mas depois de um punhado de trampos furados acabei caindo fora e não é meu desejo voltar a ser jornalista. A única coisa que me resta é continuar a ser professor, mas isso não estava nos planos.
           Também passei uma boa parte da minha adolescência envolvido com ocultismo. Alguns caminhos acabei verificando que não deram lá muito certo. Atualmente estou interessado em Magick, o ramo ocultista cujas raízes remetem ao mago inglês Aleister Crowley. É o único sistema de desenvolvimento espiritual com o qual realmente me identifiquei. Mas meu interesse está no início e temo que mais uma vez seja uma coisa que não dê em nada.
          Outra coisa que tenho gostado muito de fazer é ouvir álbuns do meu amontoado de mp3 e dar notas, indicar o que vale escutar de novo e escrever sobre o que gostei. Dá um prazer enorme esse tipo de organização. O resultado eu coloco aqui no blog: algumas resenhas sem muito comprometimento, que valem mais pelo texto e não servem como indicação a ninguém do que deve ou não ser escutado.

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