Engraçado... Me deparei com um blog hoje em que um sujeito se propõe a discutir música, filosofia e guitarra. Três das coisas que fizeram parte da minha vida e ainda fazem. Mas ao contrário de alguns blogueiros, e justamente o blogueiro que escreve o referido acima, não faço do meu blog um receituário moral pra ninguém. Pior: confundir filosofia com prescrições morais, pois filosofar é questionar, e questionar valores morais absolutos. E há várias maneiras de questionar. Uma delas e é a que eu faço neste blog é me expor ao ridículo. Prefiro partir do espanto que é ser você mesmo. Eu não tive bandas por muito tempo, sou formado em violão erudito, mas nunca fui um violonista, nem cheguei mesmo a cursar faculdade de música. Fiz a cagada de escrever uma dissertação sobre o Xenakis, que não serve pra nada, nem para mim nem para os outros. Nunca andei com turmas de pessoas que gostam das mesmas coisas pelo fato de que eu mesmo não sou fiel a nada, música pra mim é antes de tudo uma experiência individual, como experiência social é secundário. Veja bem! Não estou emitindo um juízo – “música enquanto experiência social não é válida” – não é válida pra mim! Constatar isso já é meio caminho andado para uma percepção de si que confunde humildade com saber rir e desvalorizar a si mesmo.
Num mundo que supervaloriza o indivíduo que tem auto-estima, que recicla, que acredita em sustentabilidade, é vegetariano, tem uma família feliz, acredita na “boa música”, enfim... uma coleção de patacoadas! Prefiro seguir o caminho do “espíritodeporquismo”. Outro dia um cara, que também tem um blog sobre música, disse que o novo álbum do Dream Theater era muito bom, e eu prontamente emiti a opinião de que “o mundo seria bem melhor sem uma banda dessas”. O cara respondeu ironicamente agradecendo o fato de eu “enriquecer” o debate. Bom... estou pouco preocupado com “riqueza”, prefiro a “pobreza”. Se for para entrar num debate vou com o intento de aflorar preconceitos, más opiniões, o pouco e nada do que sabemos sobre qualquer coisa, inclusive sobre música. Justamente porque música está naquele lugar em que é, do ponto de vista evolutivo, um luxo. Mas há aqueles que preferem a música como “reminiscência” platônica.
Por quê? Não me sinto na posição de ser exemplo pra ninguém. E o próprio fato de dar exemplo é algo como apoiar-se em si mesmo como modelo virtuoso. Partindo desse “virtuosismo”, que nada tem a ver com ser filosófico ou não, não me sinto na posição de impor como “deve” ser uma discussão sobre música.
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